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Durante muitos anos considerado como um verdadeiro oásis cultural na ilha dentro de um antigo barracão de amanhar peixe, o Arco 8, em Santa Clara, sempre foi um refúgio seguro para se fugir a mais uma noite a ouvir covers da “Alive” dos Pearl Jam em Ponta Delgada, e como tal, o sítio perfeito para albergar uma carrada de concertos do Tremor. Encabeçada por Pedro Bento (cuja partida da ilha ao fim de 14 anos fez duas ou três gerações de micaelenses suspirar) este espaço-bar-galeria-laboratório, hoje em dia, já só vive por entre memórias, como esta que o “embaixador do Arco 8” decidiu partilhar:
«O warmup do Tremor 2015 foi no Arco 8 e consistia em três concertos, um da Sara Cruz, um do King John e um do Duquesa. Foi uma loucura, estava completamente esgotado. Eu tinha organizado dois dos concertos na parte da Galeria, mas para o Duquesa decidimos montar um palco elevado que ficava quase por cima das cabeças das pessoas. Tocaram primeiro a Sara Cruz e o King John, mas depois, quando o pessoal foi para o bar, o Duquesa bem que tocou, mas ninguém ouvia nada. Estava tudo na conversa uns com os outros, ninguém queria saber. Quando acabou o concerto, comigo compreensivelmente chateado, decidi meter Mozart a tocar o resto da noite no bar como vingança. As pessoas começaram a ficar desconfortáveis. Até eu, no bar, já começava a sentir a tensão no ar. E a única pessoa que se ria era o Duquesa. Lembro-me de que no fim da noite conversámos sobre isso, e ele contou-me: “Olha, tu nem imaginas, estava a falar desta música do Mozart com a minha namorada e tu metes a música a tocar! Foi assim uma coisa do destino”. Percebi que no fim ele ficou contente e, portanto, eu também fiquei contente. Foi assim um ato de guerrilha para ver se o pessoal prestava atenção.»