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Tal como dita a geofísica, os efeitos das réplicas de um terramoto são, na maior parte dos casos, imprevisíveis. E, fazendo justiça a esta analogia, André Belchior Sousa dificilmente iria prever que o Tremor estaria no epicentro do tema da sua tese de mestrado, meritoriamente defendida em 2017, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Uma segunda tese apresentada em 2018 na Universidade de Açores e uma terceira apresentada em 2020, em Coimbra, comprovam que as ondas vibratórias deste primeiro abalo, continuam a ser captadas pelos sismógrafos académicos espalhados país afora.
«Isto é uma opinião minha, mas, na área da sociologia acabas por abordar sempre os mesmos tópicos e eu queria fugir a este âmbito. A minha tese chama-se “Um Tremor de Sons em São Miguel: um estudo de caso alargado e seus impactos na ilha de São Miguel”. O conceito era tentar perceber o que é que o Tremor criou como impacto não só sociocultural, mas também económico em diferentes vertentes. Quando se traz um tema deste género obviamente que vai trazer um pouco de choque. Mas o engraçado é que esta tese depois começou a ter alguma procura: já fui apresentar um paper ao TalkFest, já tive malta de outros festivais a virem pedir-me opinião. Até acabei por trabalhar nos bastidores do festival e conheci pessoas que pensei que nunca ia conhecer na vida. Mas a parte mais bonita de fazer a tese é que ao fazer as entrevistas, tu conheces uma pessoa, a história dela e como é que esta história influencia a dinâmica do festival. Esta é a minha área de trabalho, mas acho mesmo que são essas histórias que fazem o Tremor.»