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Durante o longo percurso do festival, foram surgindo críticas que pintavam o Tremor como um festival caricaturalmente performativo, pilhado de música ininteligível e forjado só para desmoronar a cultura tradicional açoriana. O espólio deixado pelo Tremor durante todos estes anos e que aos poucos vamos apresentando demonstra que estas críticas são, obviamente, infundamentadas. No entanto, houve uma decisão de programação em particular que, bem justificadinha, até poderia dar razão a estas “más-línguas”. Luís “Kitas” Banrezes (cofundador e programador do festival), responsabiliza-se por ter trazido Sturle Dagsland aos Açores na edição de 2016:
«Numa das edições apareceu-nos no e-mail um artista norueguês chamado Sturle Dagsland. Fui tentar descobrir um bocadinho mais sobre o projeto e vi que ele foi tocar ao festival Iceland Airwaves. Quando vi o vídeo do concerto, encontrei um comentário a dizer: “Isto foi o pior concerto do Iceland Airwaves de sempre!”. Liguei ao António Pedro Lopes e disse-lhe: “Temos de contratar o gajo. O gajo tem de vir ao festival!”. Quando o fomos buscar ao aeroporto, ele saiu a saltar, com um yo-yo na mão, com aqueles fatos de OktoberFest completo e com um chapéu. É a personagem mais estranha que alguma vez passou aqui pelo festival. Fomos chamados ao hotel porque supostamente estavam montes de armas no corredor. Fomos lá e não eram armas, eram os instrumentos dele. Só que era tudo tão primitivo (coisas feitas em couro, castanholas e até uns instrumentos feitos com paus) que pensavam que ele tinha trazido montes de armas para agredir os funcionários no Hotel. O concerto dele foi na Galeria Fonseca Macedo: a Fátima Mota (diretora da galeria), em pé, a olhar para ele e ele a tocar bateria com os pés, ao mesmo tempo que comia uma maçã. Só se via pedaços de maçã a voar contra os quadros do Urbano (pintor açoriano). Nunca vi a Fátima tão em pânico.»