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O início da Arte Bonecreira remonta à segunda metade do séc. XIX, altura em que se regista a abertura das primeiras oficinas de produção destas pequenas figuras de barro na cidade da Lagoa, em São Miguel. Servindo inicialmente como uma atividade de complemento ao rendimento familiar, mas também como passatempo, a arte bonecreira é, nos dias de hoje, uma forma de expressão cultural valorizada e apreciada pelos artesãos locais e pelos apreciadores de arte popular. Os bonecos são construídos com recurso a molde e posteriormente aperfeiçoados à mão. Uma vez cozidos, são pintados com o cuidado de realçar detalhes como roupas, expressões faciais e acessórios. Os motivos são tradicionalmente figuras humanas, personagens folclóricos, animais de trabalho, ou cenas do quotidiano.
Tendo como eixo de pensamento criativo o desenvolvimento de uma imagem única capaz de comunicar o festival e o seu território, a identidade visual do Tremor 2024 aproxima-se, ainda mais, da cultura local propondo-se a reinterpretar a Arte Bonecreira e os Presépios de Lapinha. Envolvendo uma série de artesãos locais e artistas contemporâneos, o festival tirará partido do espólio de bonecos em bruto já existente para criar novos personagens e ambientes – elementos que metaforicamente representam o público do Tremor e os Açores contemporâneos, um diálogo entre o tradicional e o moderno, o normal e o estranho. Os bonecos serão associados aos artistas, às residências artísticas, aos projetos e palcos do Tremor, criando assim uma galeria de arte bonecreira através da apresentação de todos os elementos que fazem parte da programação do festival.
O primeiro presépio que apresentamos conta com a participação do artesão João Arruda (bonecos de barro), do ilustrador Gonçalo Duarte (pintura) e do escultor Pascal Ferreira (presépio). O projeto de envolvimento do festival com a Arte Bonecreira promoverá ainda residências colaborativas e uma exposição, cujos detalhes serão revelados mais à frente.